Circular: Leite LINA | Conhecer as causas para prevenir.

Gilson Nogueira Cardoso

“A incidência do leite instável não ácido (LINA) causa prejuízo em toda cadeia produtiva”

A exigência por produtos lácteos de qualidade no Brasil é justificada pelo aumento do mercado consumidor cada vez mais preocupado com sua alimentação e saúde. Outro fator é sua importância no cenário internacional, ocupando a terceira posição no ranking dos países que mais produzem leite no mundo, além do alto consumo per capita que chega até 166 litros por habitante.

Apesar disso, problemas relacionados a qualidade do leite ainda são enfrentados pela indústria e a incidência do leite instável não ácido (LINA) se destaca causando prejuízo a toda cadeia produtiva.

Mas afinal, quais são as possíveis causas da instabilidade do leite sem qualquer alteração na sua acidez? E de que maneira podemos prevenir seu surgimento no rebanho? Sabe-se que os fatores determinantes na qualidade e composição do leite são diversos, sendo os principais os fatores intrínsecos de cada animal, como idade e metabolismo e a genética. A espécie, por exemplo, é capaz de definir a porcentagem das células mamárias que irão se diferenciar em células secretoras, bem como as proporções de lactose, gordura, proteína e sais minerais do leite, influenciando diretamente na estabilidade do produto.

Além destes fatores, o manejo incorreto da dieta dos animais, ocasionando déficit nutricional, tem sido um dos principais fatores responsáveis pela presença de LINA. Dietas desbalanceadas e longos períodos de restrição alimentar podem aumentar a apoptose das células epiteliais mamárias e modificar a composição e o pH do sangue, alterando os componentes do leite e sua estabilidade perante ao teste do álcool.

O desiquilíbrio mineral causado por uma suplementação incorreta ou inexistente e à uma baixa concentração de alfa-lactoglobulina também pode alterar a proporção de cátions iônicos e promover a neutralização dos ânions, causando a precipitação de proteínas. Outra razão seria o desbalanceamento de íons que pode estar associado à longos períodos de jejum dos animais e à baixa glicemia. Considerando-se que esse açúcar é o precursor da lactose, esse fator também se relaciona à instabilidade do leite.

Outra causa relevante é o estresse térmico dos animais. O desconforto causado por alterações bruscas na temperatura ambiente pode fazer com que o animal se alimente menos gerando todo o desbalanceamento citado anteriormente. Além disso, esse estresse pode promover vasodilatação periférica e aumento na sua frequência cardíaca e respiratória, reduzindo a disponibilidade de nutrientes e alterando a composição do leite.

A fase de lactação também influencia para o surgimento do LINA. Vacas no início ou no final do estágio lactante também poderão apresentar alterações nos equilíbrios salinos e nos componentes do leite, afetando sua estabilidade sem alterar sua acidez.

A aquisição de animais geneticamente selecionados e o descarte de susceptíveis a produção de LINA, associado a mudanças simples de manejo tem se mostrado imprescindível na redução do problema.

Algumas medidas podem ser eficientes para prevenção de LINA com consequente aumento da lucratividade da  produção, tais como:

– Oferecimento de dietas equilibradas e suplementação alimentar.

– Fornecimento de sombra e água fresca aos animais nos dias mais quentes e abrigo nos dias mais frios.

– Monitoramento preciso do período de lactação das vacas.