Circular: Dicas para produzir silagem de qualidade
Gilson Nogueira Cardoso
A produtividade dos animais e o custo do leite podem ser melhores ou piores em função da silagem. Segundo Oliveira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, uma silagem de qualidade depende, basicamente, de uma boa lavoura e um bom processo de ensilagem. Confira algumas orientações que podem melhorar os resultados na produção de uma silagem de qualidade.
1 – Planejamento é fundamental.
Fazer silagem de qualidade envolve custos, riscos e conhecimento. O processo exige rapidez, por isso é muito importante o planejamento. É necessário providenciar tratores, carretas, ensiladeiras e mão de obra em quantidade compatível com a área que será colhida e o número de silos da propriedade.
2 – Invista na lavoura.
Os produtores de leite evoluíram bastante na produção de silagem, mas as lavouras ainda não atingiram seu potencial máximo. “Mesmo que o processo de ensilagem seja muito bem feito, se a matéria prima for de baixo valor nutritivo, a silagem também será pobre em nutrientes”, diz Oliveira. “O consumo das vacas será menor e a produção de leite vai ficar abaixo do potencial de produção dos animais.”
3 – Produtor de leite também precisa ser agricultor.
O objetivo, no plantio de uma cultura para ensilagem, deve ser uma boa lavoura, com cultivo e manejo como se fosse para a produção de grãos. Por isso, é importante que o produtor de leite também seja agricultor. “Na grande maioria das vezes, o conhecimento e experiência de um produtor de grãos são maiores do que o produtor de leite”, diz Oliveira “Daí, talvez, o porquê da maioria das lavouras para silagem não se desenvolverem tão bem como as destinadas à produção de grãos.”
4 – Tenha cuidado com o solo.
Conhecer o solo da propriedade é essencial para obter um bom retorno. O pesquisador diz que, por incrível que pareça, muitos produtores ainda não fazem análises rotineiras de suas áreas de lavoura. “Essa informação é extremamente necessária para que o solo seja corrigido sempre que necessário, que a lavoura receba os nutrientes
na forma e quantidades necessárias e para que as plantas os utilizem de forma eficiente”, afirma Oliveira. “Além da adubação tradicional, lavouras visando silagem de alta qualidade devem sempre receber adubação foliar cujo objetivo principal é suprir microelementos.”
5 – Como preparar o solo.
O preparo do solo pode ser o convencional, envolvendo aração e gradagem, ou direcionado para o plantio direto. O plantio direto é, de longe, o sistema mais eficiente pela série de benefícios que trás ao melhorar a estrutura do solo, manter sua umidade, minimizar a compactação e o uso de herbicidas. Segundo Sandir, são necessários conhecimentos sobre as coberturas verdes mais indicadas para região, métodos de dessecamento e plantadeiras específicas para o sistema de plantio direto.
6 – Como escolher o híbrido que será plantado.
Ao escolher o híbrido para a silagem, o produtor deve buscar aqueles que produzam bastante grão e que sejam bem adaptados à sua região e às condições de manejo que irá dedicar à lavouras, dando preferência aos de grãos mais macios.
7 – A colheita ideal para ensilagem.
A colheita para ensilagem envolve uma série de operações. O corte das plantas na lavoura, seguido de picagem, descarregamento nas carretas transportadoras e o descarregamento destas no silos. Além do tipo de engrenagem usada para definir o tamanho da partícula, do afiamento das facas e do seu espaçamento com a contra-faca, o teor de matéria seca (MS) das plantas e a velocidade do trator podem interferir no tamanho e na qualidade do corte. “O produtor deve, inicialmente, seguir as recomendações do fabricante e deixar a ensiladeira devidamente regulada”, diz Oliveira. “Após colher os primeiros cinco ou 10 metros, ele deve parar o equipamento e verificar se a picagem está sendo feita dentro do esperado.” A orientação é para que as facas sejam afiadas pelo menos duas vezes ao dia durante a colheita. Facas cegas rasgam e dilaceram a forragem, dificultando a compactação e aumentando as sobras no cocho. A padronização do tamanho das partículas e a quebra dos grãos proporcionada pelo “cracker” da automotriz são diferenciais importantes para qualidade da silagem.
8 – Use as técnicas de ensilagem.
O processo de ensilagem, da colheita ao fechamento do silo, deve ser feito de forma rápida. Segundo Oliveira, o ideal é que o silo seja cheio e fechado em apenas um dia. Um dos pontos que compromete uma silagem de alta qualidade é o momento da colheita. De acordo com Oliveira, colher com a umidade correta facilita a fermentação, facilita a picagem e a compactação, e diminui as perdas. “A umidade da forragem, ou sua porcentagem de matéria seca (MS%), é o fator que determina o momento da colheita. Ela deve ser feita quando o teor de MS da forragem estiver entre 30 e 35%, ou entre 65 e 70% de umidade.”
10 – Saiba quais são os silos mais utilizados.
Os silos mais utilizados são os do tipo trincheira, com paredes laterais, e os de superfície. Segundo os especialistas, a compactação nos silos trincheira é mais fácil e eficiente. Além de reduzir perdas, o processo de enchimento é mais rápido nesse tipo de silo. Os silos trincheira são mais caros, pois exigem movimentação de terra, material e mão de obra durante sua construção. Uma vez construído, ele não poderá mudar de lugar e nem poderá ter suas dimensões alteradas, explica Oliveira. “Ao planejar a construção de silos trincheira, devem ser levados em consideração o local onde será construído, a facilidade de acesso e a capacidade de armazenamento que deve ser em função do rebanho atual, mas sem esquecer os possíveis planos para o futuro”. Os silos de superfície são de baixo custo e podem, em cada ano, serem instalados em locais diferentes ou não. Ao contrário do silo trincheira, ao acabar a silagem o silo também desaparece. Sua principal desvantagem é a dificuldade para uma compactação eficiente devida a falta de paredes laterais. Por essa razão, as perdas observadas em silos de superfície são maiores.
11 – Evite contaminação durante o descarregamento.
Durante o descarregamento da forragem no silo é comum o tratorista avançar sobre o silo para descarregar a nova forragem sobre aquela que já foi compactada. Isso pode gerar um problema principalmente quando os pneus do trator e carreta chegam enlameados. “Ao fazer isso sucessivas vezes, a forragem estará sendo contaminada de
micro-organismos indesejáveis que irão comprometer a qualidade da silagem. O mesmo acontece quando os tratores usados para transportar a forragem são os mesmos usados para compactação”, diz Sandir.
12 – Como garantir uma compactação bem feita.
Nos silos tipo trincheira e de superfície, o enchimento é feito em camadas e começa pelo final do silo. O trabalho em cada camada é muito importante para que a compactação fique bem feita. Após o descarregamento, a forragem picada deve ser espalhada em uma camada de 30 a 40 centímetros sobre a rampa já compactada e somente
após esse espalhamento a compactação deve ser iniciada.
13 – É preciso vedar corretamente o silo.
Após o enchimento do silo é necessário vedá-lo. Essa vedação é feita com lona de polietileno com o mínimo de 200 micras de espessura. “As de dupla face, com um lado branco e outro preto, são as mais indicadas e preferidas pelos produtores pelo fato de ser de manejo mais fácil e diminuir as perdas nas partes em que a silagem fica em contato com a lona”, diz Oliveira. Quando usadas, o lado branco deve ficar exposto para refletir a radiação solar e evitar o seu aquecimento e enfraquecimento. Quando se usa lona preta é preciso protegê-la do sol. Sem isso ela se enfraquece, torna-se mais permeável ao ar, o que aumenta a perda de silagem. Essa proteção pode ser feita com capim ou terra. Além do esforço a mais para colocar essa cobertura, a retirada desse material durante o período
de utilização do silo também é trabalhosa.
