Circular: Água e a criação de Tilápias
Gilson Nogueira Cardoso
Comparada com outros peixes tropicais, a tilápia possui maior capacidade de adaptação a diferentes condições de água, sendo esse um diferencial favorável para a expansão da criação. Alguns dos principais parâmetros que devem ser analisados são: Fontes – podem ser utilizadas na criação de peixes: águas de rios, córregos, represas, nascentes, poços subterrâneos e até mesmo a água captada das chuvas, desde que atendam aos requisitos de quantidade e qualidade.
Quantidade – no sistema semi-intensivo de criação de peixes, com baixa renovação de água, é estimado o uso de 10 a 15 litros por segundo por hectare.
Qualidade – É importante garantir o abastecimento da piscicultura com água de qualidade, livre de contaminações com produtos químicos ou esgoto de origem urbana ou rural.
Temperatura – as tilápias apresentam conforto térmico em temperaturas da água entre 26 e 28ºC. Em temperaturas fora desta faixa, os peixes apresentam redução no metabolismo com diminuição do apetite e do crescimento e queda na resposta imunológica. Temperaturas entre 8 e 14ºC, dependendo das espécies e linhagens utilizadas são letais. A temperatura deve ser medida pela manhã e pela tarde.
Oxigênio dissolvido – a tolerância das tilápias a baixas concentrações de oxigênio é uma característica importante, podendo manter grandes biomassas com o oxigênio produzido no processo de fotossíntese realizado pelo fi toplâncton. As tilápias resistem a situações de oxigênio dissolvido abaixo de 1 mg por litro por algumas horas. Oxigênio dissolvido deve ser medido nas primeiras horas da manhã, quando ocorrem os períodos críticos.
Transparência – A transparência indica a produção primária – quantidade de plâncton em suspensão – e está diretamente relacionada à disponibilidade de oxigênio dissolvido na água. No sistema semiintensivo, é recomendada a manutenção da transparência entre 30 e 40 cm, e deve ser medida em dias ensolarados, das 10 às 14 horas.
Alcalinidade – Em solos mais ácidos geralmente a alcalinidade não alcança valores superiores a 10 mg por litro. Para a criação de peixes é recomendado níveis superiores a 30 a 40 mg por litro. A alcalinidade é corrigida com a adição de calcário no fundo dos viveiros secos ou diretamente na água dos viveiros.
pH – indica o grau de acidez da água. A faixa recomendada é de 6,5 a 9, sendo ideal entre 7 e 8,5. Apresenta fl utuações diárias relacionadas à atividade de fotossíntese pelo fi toplâncton. As medições devem ser feitas no início da manhã e no fi nal da tarde.
Amônia – é resultante da própria excreção nitrogenada dos peixes e da decomposição do material orgânico (fezes, restos de ração). Está presente na água em duas formas: ionizada (não tóxica) e não ionizada (forma tóxica). A concentração de amônia não ionizada deve estar abaixo de 0,5 mg por litro. A medição de amônia deve ser feita no fi nal da tarde, quando a possibilidade de intoxicação é maior, por causa da elevação do pH.
